Nº 5 - Características da comunidade Netzarim
Nas aulas anteriores podemos observar inúmeros fatos que desenharam uma nova pespectiva, um novo ambiente. Um reenquadramento é feito tanto no judaísmo como no cristianismo e de forma surpreendente uma nova comunidade é revelada e muito bem nominada em Atos 24:5.
Frente a essas verdades podemos confrontar a ideia que essa comunidade seria uma comunidade primitiva, ou pior ainda, uma igreja primitiva !
Ser uma testemunha ocular deste Messias e principalmente no fato de conviver com Ele, a Torá viva, a emanação de YHWH, jamais poderia tornar alguém primitivo, mas certamente um privilegiado ! Na verdade somos nós é quem estamos muito distantes, e por anos completamente adaptados e versionados numa matrix de palha, sem fundamentos reais.
Visando assim a concretização dos estudos anteriores teremos nesta oportunidade a chance de percorrer de fato pelo testemunho e vivência dos nazarenos, fundamentando suas crenças ponto a ponto através das escrituras, predominantemente no livro de Maaseh Shilichim, mais conhecido como atos dos emissários(apóstolos).
Atualmente, além da vida da comunidade judaica netzarim muito bem referendada na brit chadachá (N.T) e principalmente em atos, outras evidências nos levam a um documento chamado Limudah ou no grego conhecida como Didaque, que significa "ensino", "doutrina", "instrução“.
Sobre O Didaque, Estudiosos estimam que são escritos anteriores a destruição do templo de Jerusalem, entre os anos 60 e 70 d.C, conforme informações extraídas no wikipedia. Outros estimam que foi escrito entre os anos 70 e 90 d.C., contudo são coesos quanto a origem sendo na Judéia ou Síria. Segundo Willy Rordorf, a Didaquê é uma "compilação anônima de diversas fontes derivadas da tradição viva, de comunidades eclesiais bem definidas", portanto a questão da datação equivale à questão das datas das tradições ali registradas, que indubitavelmente remontariam ao século I d.C.,derrubando as teses de datação tardia (século II)
Quanto à sua autenticidade, é de senso comum que o mesmo não tenha sido escrito pelos doze apóstolos, ainda que o título do escrito lhes faça menção, sendo crença de estudiosos a compilação de fontes orais e que que tenham sido escrito por mais de uma pessoa.
O texto foi mencionado por escritores antigos, inclusive por Eusébio de Cesareia que viveu no século III, em seu livro "História Eclesiástica", mas a descoberta desse manuscrito, na íntegra, em grego, num códice do século XI ( ano 1056 ) ocorreu somente em 1873 num mosteiro em Constantinopla, o chamado Codex Hierosolymitanus.
É considerado apócrifo por Eusébio, Atanásio de Alexandria (c. 367) e Rufino (c. 380).
A seguir vamos explorar alguns temas dentro da vida e prática destes nazarenos, as características da comunidade netzarim, que passaremos a conhecer numa investigação ponto a ponto como anteriormente mencionamos.
Os próximos textos com suas temáticas podem dar a parte a possibilidade de muitas outras pesquisas e aprofundamentos que os tornariam ainda mais constatados nos cernes de suas judaicidades, devolvendo assim o direito real e histórico de um grupo que nos últimos 2000 anos estão invisíveis para os mestres das religiões que usurpam da verdade e só aumentam o número de pessoas com visão tosca e longes da verdade que liberta.
01. Esperava a restauração do Reino físico de YHWH (At 1:6-7);
02. Estava preparada para ser perseguida (At 1:8);
03. Seu ponto de partida era Jerusalém (At 1:4-8);
04. Esperava o Mashiach da mesma forma como o viram subir aos Céus (At 1:11);
05. Cumpria com a tradição de leitura da Torah em tempo de festas (At 2:1-5);
06. Os líderes eram escolhidos pela Ruach HaKodesh através de tradições pré-estabelecidas pelos Emissários (At 1:14-26);
07. Manifestavam em suas vidas os dons da Ruach haKadosh (At 2:4);
08. Sua fidelidade estava centrada na ressurreição (At 2:32);
09. Imergia prosélitos (At 2:38);
10. A Tevilah (imersão) era realizado em nome de Yahushua (At 2:38; 8:16);
11. Preservavam o ensinamento dos Emissários (At 2:42);
12. Celebrava o Kidush (At 2.42 , 46);
13. Prodígios, sinais e milagres aconteciam com freqüência (At 2:43);
14. Viviam em comunidade e pensavam no próximo (At 2:44-45);
15. Frequentava o Beit HaMikdash diariamente (At 2:46);
16. Possuíam um bom relacionamento com a Comunidade e eram queridos por eles (At 2:47);
17. O crescimento era dado por YHWH e não pelo homem (At 2:47);
18. Observava o costume de Minchá I (manjares, oração da 9ª hora = 15 horas), ou seja, faziam orações judaicas (At 3:1);
19. Agia sempre em nome de Yahushua (At 3:6);
20. A exposição das Escrituras estavam baseadas na coletividade e não no individualismo (At 3:12-19);
21. A mensagem estava centrada no Tanakh (At 3:18, 22 ,24);
22. Era reconhecida pelo ensinamento do Mashiach (At 3:13-20; 4.33);
23. Não havia necessidade entre eles (At 4:34; 2:44);
24. Curavam os endemoniados (At 5:16);
25. Os que serviam deviam ser aprovados dentro de normas (At 6:3);
26. Ensinava de maneira expositiva [Hagadot=história e Drashot=estudo] (At 7);
27. Os Emissários só iam a outros lugares direcionados pela Ruach HaKodesh (At 8:29, 39, 40);
28. Aqueles que reconhecia que Yahushua era o Mashiach iam às Sinagogas (At 6:9; 9:2, 20, 21);
29. Quando a Kehilah está centrada em Jerusalém há shalom (At 9:28-31);
30. Praticava o ritual do enlutamento (At 9:37, 39 e At. 8:2);
31. Cria em todo Tanakh e suas profecias (At 10.11-17; ver também em Ez 4:14; Is 5.7-9);
32. Observa o Shabat, estudava a Torá e os Profetas (At 13:14-15);
33. Era composta por várias funções (profetas;doutores da Torah;anciãos,etc...) (At 13:1-2);
34. Alcança o Reino passando por muitas aflições (At 14:22);
35. Cuidava das reuniões por anciãos eleitos (At 14:23);
36. As questões relacionadas a Comunidade eram discutidas pelos anciãos e não determinadas por um chefe (At 15:6);
37. Dava obrigações iniciais aos gentios conversos (prosélitos, Efraim) e não a Torah inteira de imediato (At 15:20);
38. Cria na circuncisão aos conversos mais instruídos (At 16:1-3);
39. Separava lugares para fazer as orações (At 16:13);
40. Ensinava os costumes hebraicos (At 16:20-21);
41. Guardava o Shabat (At 17:2; 16:13; 18:4; 19:8);
42. Celebrava a Havdalah (At 20:7);
43. Zelava continuamente pela Torah (At 21:20);
44. Oferecia os sacrifícios devidos no Templo (At 21:26);
45. Admitia que os que criam no Messias eram conhecidos como “Nazarenos” e “O Caminho” (At 24:5; 24:14);
46. Eram acusados falsamente de desobedecer a Torah por inveja,mas isso sem provas (At 24:11-14; At 21:21-28);
47. Levavam os dízimos e ofertas exigidos pela Torah ao Beit HaMikdash (At 24:17-18; 25:8);
48. Faziam Berachot (bençãos[orações/rezas]) antes das refeições (At 27:35);
49. Eram instruídos a guardar a Torah e as tradições, ou seja, costumes paternos (28:17; At 24:14; 2 Ts 2.15).
Conclusivamente a luz de relatos históricos temos elementos para afirmar que qualquer um que se autodenomine nazareno, por convicção não poderá fazê-lo sem de fato estar enquadrado nas práticas, sentimentos e costumes acima relatados, no entanto poderemos finalizar essa ideia com o resumo dos relatos históricos a seguir:
a) Os discípulos israelitas eram chamados de netsarim e não de cristãos (Epifânio de Salamina; Panarion 29).
b) Reconheciam que Yeshua é o Mashiach (Messias) (Jerônimo, Commentary on Isaiah, Is 8:14)
c) Professavam que Yeshua é o Filho de Elohim (Jerônimo, Letter 75, Jerome to Augustine).
d) Criam no nascimento virginal de Yeshua (Jerônimo, Letter 75, Jerome to Augustine).
e) Eram praticantes da Torá (“Lei”) (Epifânio de Salamina; Panarion 29)
f) Praticavam a circuncisão (b’rit milá) (Irineu de Lyon, Contra Heresias, 1:26)
g) Para os nazarenos, não havia distinção entre “Antigo” e “Novo” Testamento. (Epifânio de Salamina; Panarion 29).
h) Usavam os manuscritos da B’rit Chadashá (Aliança Renovada/“Novo Testamento”) de acordo com os textos originais, escritos em hebraico e aramaico (Epifânio de Salamina; Panarion 29).
i) Os netsarim criam que o ETERNO é um (Echad), e não três Pessoas distintas (Epifânio de Salamina; Panarion 29).
j) Os israelitas do Caminho aceitavam a “tradição judaica”, mas não se subordinavam à halachá rabínica, (Epifânio de Salamina; Panarion 29).
Belém-PA, 1/11/2019.
Estudo>Série Teshuvah (Retorno)
Documento Elaborado por Avner e Shaul, B’nei Ysrael.
Material de Apoio (Fontes Primárias):
A Restauração das Escrituras: Ed. Verdadeiro Nome. 4Ed. Corrigida e Atualizada (2009). Rabbi Moshe Yoseph Koniuchowsky
Wikipédia: RORDORF, W. "Didaché". In: DI BERARDINO, A.. Dicionário patrístico e de antiguidades cristãs. Tradução de Cristina Andrade. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002. pp. 404, 405.
Eusébio de Cesareia. História Eclesiástica (em inglês). 3.25. [S.l.: s.n.]
Lista das 49 características elaboradas por David S. Tov;
Proverbios 3:3-4